Esta tarde, o colectivo Climáximo foi à sede do jornal Observador entregar relatórios científicos para contrariar a agenda negacionista que vem ganhando espaço no jornal. O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas divulgou o seu relatório sobre os oceanos e massas de gelo permanentes da Terra, revelando derretimento sem precedentes, temperaturas oceânicas mais altas, águas mais ácidas e com menos oxigénio, o que reduz a produtividade marinha. A campanha dos Empregos para o Clima, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa e o Sindicato dos Professores do Norte divulgaram hoje o seu “Manual Reivindicativo para professores, sindicalistas, alunos e funcionários das escolas”, para a realização de uma transição energética justa nas escolas.
O coletivo pela justiça climática Climáximo foi hoje à sede do jornal online Observador distribuir os últimos relatórios do IPCC em resposta à linha crescentemente negacionista que vem ganhando notoriedade no espaço de opinião e na agenda do jornal. O Climáximo reconhece o valor do trabalho dos jornalistas e profissionais de comunicação, mas afirmou que não podia ficar indiferente ao negacionismo e à agenda contra a luta climática que vem ganhando espaço no Observador que, em vez de reger os seus critérios pela ciência, prefere a dúvida gratuita; em vez de especialistas da área, recorre a humoristas, que em vez de assinalar o sistema capitalista como problema, aponta o dedo a quem está na linha da frente da luta.
O Climáximo levou e entregou o relatório dos 1,5ºC do IPCC, acompanhado de uma breve exposição sobre o básico da Ciência Climática, nomeadamente:
– A concentração de dióxido de carbono, o principal gás com efeito de estufa, que é hoje maior do que em qualquer outro momento nos últimos – pelo menos – 3 milhões de anos;
– A temperatura média do planeta, que aumentou cerca de 1ºC desde a era pré-industrial, devido à influência humana, via emissões de gases com efeito de estufa;
– Dos 10 anos mais quentes alguma vez registados, apenas um não ocorreu neste século, e os mais quentes foram os últimos cinco: 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
– As consequências deste aumento de temperatura são massivas, desde a ameaça às cidades costeiras e esgotamento de recursos hídricos ao colapso de sistemas agrícolas, entre outros. Os custos económicos de não agir agora de forma decidida para mitigar as alterações climáticas são muito superiores aos custos dessa mesma mitigação.
– Para evitar passar a marca dos 1.5ºC, com danos irreparáveis e um sistema climático absolutamente caótico, as emissões globais de Gases com Efeito de Estufa têm de ser cortadas para metade até 2030.
Em comunicado, o Climáximo refere que “Para que uma sociedade seja justa, a liberdade de imprensa é vital. O rigor científico também.”.
O dito cujo IPCC divulgou hoje no Mónaco o seu relatório acerca do estado dos oceanos e das massas de gelo, cujos resultados são alarmantes a toda a escala. Os cientistas registaram um aumento da temperatura dos oceanos acima dos 1ºC em relação à era pré-industrial, referindo que os oceanos estão a absorver “mais de 90 por cento do calor em excesso no sistema climático”, com ondas de calor marinho duas vezes mais frequentes desde 1982. O relatório explicita que “O oceano está mais quente, mais ácido e menos produtivo”. “Ao absorver mais dióxido de carbono, o oceano sofreu um aumento da acidez à superfície”, o que dificulta a produção de biomassa nos oceanos, de origem animal e vegetal, que é a base de alimentação de importantes populações humanas e animais. O degelo brutal (na Antártida as perdas triplicam quando comparando o período 2007-2016 com o período 1997-2006) ameaça libertar ainda mais dióxido de carbono e metano. A previsão de aceleração da subida do nível médio do mar continua a aumentar, esperando-se agora que perto de 2100 os oceanos subam a um ritmo de 15 milímetros por ano. Um dos meios principais dos quais depende a alimentação humana – os oceanos – encontra-se sobre esta pressão desmesurada, acrescendo que o outro meio – a agricultura – está também particularmente exposta aos choques. O relatório aponta que uma “redução urgente das emissões de gases de efeito estufa” pode limitar e desacelerar as mudanças nos oceanos e na criosfera, assim como possivelmente preservar “os ecossistemas e os meios de subsistência” que dependem dos oceanos.
Hoje, nos Estados Unidos, centenas de activistas bloquearam várias ruas de São Francisco em protesto e preparação para a Greve Climática Global de dia 27, próxima sexta-feira.
Também hoje a campanha dos Empregos para o Clima, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa e o Sindicato dos Professores do Norte divulgaram o seu “Manual Reivindicativo para professores, sindicalistas, alunos e funcionários das escolas“, para a realização de uma transição energética justa nas escolas. Este manual defende a criação de um plano de intervenção pelo clima nas escolas, com as seguintes conclusões:
- realizar um estudo/levantamento sobre a energia de que a escola necessita: onde existem perdas; onde existe consumo desnecessário; onde é necessária energia (aquecimento, etc.), mas não existe;
- começar a produzir energia: utilizando painéis solares não só para aquecimento, mas também para eletricidade;
- reduzir o consumo de água nas cafetarias e nas máquinas de produtos alimentares
- reforçar o consumo de dietas vegetarianas, usando alimentos menos processados e alimentos locais;
- criar hortas pedagógicas onde possam ser produzidos produtos agrícolas saudáveis para consumo nas escolas;
- Investir na eficiência dos edifícios: reconstruindo ou modificando, se necessário,
- Reduzir e tentar eliminar o uso de plásticos.