Entre os dias 7 e 20 de Novembro de 2022, organizámos uma quinzena de ações convocada pela coligação “Unir Contra o Fracasso Climático”.
O manifesto da coligação, aqui.
A coligação foi composta por Climáximo, DiEM25, Greve Climática Estudantil – Lisboa, Scientist Rebellion Portugal e Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, e contou com o apoio de trinta organizações. (Ver a lista na página Quem Somos.)
A primeira semana
A quinzena começou com as ocupações das escolas e faculdades pelo movimento internacional “Fim ao Fóssil – Ocupa!“. Em Portugal, houve ocupações na Escola Artística António Arroio, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Instituto Superior Técnico, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e no Liceu Camões.
As aulas foram canceladas na quinta-feira e na sexta-feira na Escola Artística António Arroio. Na sexta-feira à noite, o diretor da FCUL chamou a polícia para a faculdade, que resultou em quatro detenções à meia noite.
Ver os artigos sobre as ações, aqui.
Também na quinta-feira, a Scientist Rebellion Portugal organizou um protesto no aeroporto municipal em Cascais contra os jatos privados.
Marcha Contra o Fracasso Climático
No dia 12 de Novembro, toda a sociedade civil juntou-se à quinzena na Marcha Contra o Fracasso Climático. As ocupações das escolas confluíram também nesse dia, o que resultou numa Marcha de mil pessoas em Lisboa.
Durante a marcha, um grupo de manifestantes do movimento Fim ao Fóssil – Ocupa! entraram num edifício onde o Ministro da Economia e do Mar António Costa e Silva esteve a participar numa conferência como orador, sendo uma das reivindicações desse movimento a demissão do Ministro. Nesse momento, as pessoas fora gritaram “Pelo fim ao fóssil, ocupa”, “Fora Costa e Silva” e “Somos a natureza em auto-defesa”, em solidariedade com a ação.
Houve dois momentos em que a manifestação parou para dar lugar a intervenções pelas ativistas. No primeiro, falaram a Leonor da Ocupa na escola secundária António Arroio, a Catarina da campanha Gás é Andar para Trás e a Ana da Ocupa FLUL. As ativistas explicaram o que entendiam do fracasso climático e porque estavam no movimento. No segundo momento, Ideal da Ocupa FCUL, o André da campanha ATERRA e a Carolina da Climáximo intervieram.
Ver o resumo da Marcha aqui.
A Marcha acabou no Liceu Camões, onde continuava a ocupação pelos alunos da escola.
A segunda semana
Na segunda-feira, dia 14, os alunos do Liceu Camões fecharam a escola e as aulas foram canceladas. Ao longo do dia, foi marcado o encontro entre 6 ativistas das ocupações e o ministro da economia, António Costa Silva, no ministério. O dia terminou com uma assembleia de próximos passos, onde se decidiu dar fim à ocupação do Liceu Camões e que as ocupações marchariam no dia seguinte do Largo de Camões até ao Ministério da Economia, na manifestação “Parar o Gás, Fora Costa Silva!”.
Na terça-feira, depois da reunião sem resultados com o Ministro, as ativistas colaram-se à entrada do Ministério e foram detidas.
No fim da segunda semana foram também afixados cartazes em painéis publicitários contra o gás fóssil, pelos apoiantes da campanha Gás é Andar para Trás.
A quinzena acabou com uma Assembleia Contra o Fracasso Climático no dia 19 de Novembro, Sábado.
A quinzena interrompeu a “normalidade” para criar ar para discutirmos o fracasso climático em que vivemos. Na assembleia, várias propostas foram no sentido de agirmos agora para travar os crimes.
A campanha Gás é Andar para Trás lança atividades do próximo ano com foco em parar o gás. Isto passa por travar o projeto de gasoduto e por insistir numa transição justa para as quatro centrais à gás.
A campanha ATERRA destaca que aviação é a forma mais eficaz e mais injusta para queimar o planeta. E mesmo dentro da aviação, há formas mais “eficientes” que outras nesse sentido: A campanha vai focar-se nos jatos privados e nos voos de curta distância. Nenhum deles deveria ter existido em primeiro lugar, e ambos devem deixar de existir de imediato.
Na assembleia, foram também lançadas as preparações da nova onda de ocupações do movimento Fim ao Fóssil – Ocupa!, para a Primavera de 2023.
A assembleia divulgou também três iniciativas já marcadas:
A campanha Empregos para o Clima organiza uma formação online em transição justa no dia 21 de Novembro às 18h30, para apresentar os resultados do relatório da campanha que mostram como é possível criar 200 mil novos empregos dignos para cortar as emissões de Portugal em 85% até 2030.
No dia 29 de Novembro, às 14h00, as quatro ativistas detidas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa vão ao tribunal. Está convocada uma concentração de solidariedade no Campus da Justiça.
Nos dias 10 e 11 de Fevereiro, o movimento vai reunir de novo, no 8º Encontro Nacional pela Justiça Climática, em Coimbra. Este Encontro vai marcar a agenda do movimento pela justiça climática para o ano de 2023.
Esta foi a marcha pelo clima com mais visibilidade mediática até agora, o que nos mostrou que cada marcha que organizámos também serve para aumentar o impacto das próximas. Também tirámos a lição de que ações descentralizadas antes e depois da marcha podem alimentar a mobilização e abrir o espaço para diversidade e criatividade do movimento pela justiça climática.
Ver as notícias na comunicação social sobre a quinzena e a marcha, aqui.